quinta-feira, abril 07, 2005

Súmula da intervenção na
Assembleia Municipal de Espinho

ENTERRAMENTO DA LINHA-FÉRREA

Estamos certos que o interesse de todos os espinhenses é o progresso da cidade e pensamos que todos estamos de acordo com a necessidade do enterramento da linha-férrea. Para que tal aconteça é necessário que o projecto de execução desta obra contemple todas as modificações a realizar sem prejudicar a qualidade de vida dos cidadãos directamente interessados. Não é o que se está a passar. O Pólo habitacional da Marinha (Sul de Espinho) está a sofrer alterações estruturais que complicam a vida normal dos moradores e provocam prejuízos não quantificáveis de momento.

Ao longo dos últimos anos foi por várias vezes referido e escrito, por quem é responsável, que o enterramento da linha-férrea iria proporcionar a todos um bom ambiente, beleza e mais qualidade de vida. No entanto nunca foi dado a conhecer aos moradores da Marinha o projecto para esta área. Porquê? Porque em verdade o que se projectou, agora sabemos ( porque e obra se iniciou ) é a descriminação desta zona em relação às restantes áreas a remodelar. Descriminação - porque este lugar fica isolado do resto da freguesia de Silvalde e de Espinho. A colocação de um muro divisor ao longo da Av. João de Deus restringe a actividade comercial e social dos seus moradores. Os painéis divisores sobre dois terços da largura da Av. João de Deus, retiram a esta avenida as 2 vias de circulação e as duas faixas de estacionamento. Desfecho: A via de circulação por ser tão estreita não permite o estacionamento, não existe facilidade de entrada de automóveis em garagem e qualquer veiculo que tenha necessidade de carregar/descarregar mercadorias obriga á paralisação do transito por longos períodos. Para além disto a via é propensa a acidentes! Como alguns camiões tem de usar os passeios em trânsito a circulação de crianças e idosos é completamente desaconselhável! Descriminação – porque esta zona fica literalmente um gueto. Um gueto que com o tempo marginais a irão utilizar para todo o tipo de actividade ilícita e ilegal.

Sinceramente, não podemos aceitar que o progresso de Espinho seja construído com o empobrecimento deste pólo habitacional da Marinha! Não aceitamos que seja retirado aos moradores desta zona a comedida qualidade de vida, que pelo menos, há um mês possuíam! Não podemos permitir que nos seja imposto o que não escolhemos ou queremos! Não podemos aceitar que, quem de direito, pretenda a estagnação de qualquer crescimento social e económico do povo desta terra. Os valores do património individual e colectivo estão a ser desvalorizados! Quem futuramente irá investir numa zona esquecida e marginalizada? Não percebemos porque se está a construir nesta localidade o conhecido “Museu da lata” (!) (FACE) com o mais que certo desinteresse turístico da área! O turismo não passará para alem da rua 37!!!

Para alem disto, os trabalhos nocturnos não podem provocar os ruídos que de momento produzem. Os habitantes trabalhadores, estudantes e todos os outros necessitam do merecido descanso diário. Não é aceitável autorizar o trabalho nocturno com o índice incomodativo presente. É inadmissível tal situação! É expressamente proibido por Lei tamanho ruído… (A PSP tem sido contactada e refugia-se na prosa: “Tem autorização para trabalhar”!!!)

Recordamos que vivemos no pós 25 de Abril 1974 e o povo é quem mais ordena. Não existe qualquer ameaça nesta frase… simplesmente é nossa vontade que em tudo quanto se faça na nossa casa – o lugar da Marinha, o povo que nela habita seja ouvido e tido em conta. Felizmente temos soluções que deverão ser consideradas para que o mau projecto seja melhorado e no final o trabalho seja de contento geral.

Samuel Pereira (Eng.)