sexta-feira, julho 08, 2005

Informação à população da Marinha

INTRODUÇÃO

A obra de enterramento da linha-férrea é um projecto que tem por objectivo principal retirar o movimento dos comboios da superfície de Espinho que como sabemos corta em 2 partes a cidade, assim como de mudar a actual imagem de Espinho, de modo que a cidade possa ter uma maior mobilidade, mais segurança e essencialmente um maior desenvolvimento turístico.

Esta obra denominada por alguns como a “obra do século” foi viabilizada em convénio realizado pela Câmara Municipal e a REFER e aprovada pela Assembleia Municipal de Espinho.

Consideramos que o enterramento da Linha-férrea é um agente essencial e fundamental para o desenvolvimento do Concelho de Espinho porque a área libertada pode dar local á melhoria da qualidade de vida de toda a população. Aliás, em anexo ao pensamento do projecto insere-se o propósito de com a extensa alameda que daí resulta incluir-se zonas verdes, espelhos de água, parque infantil, bares, quiosques, e outros tipos de equipamento de diversão e lazer num quadro que muda radicalmente – acreditamos - a face da cidade de Espinho. De acordo com o convénio referido atrás esta obra deverá estar concluída dentro de dois anos e meio. A Obra está orçada em 60 milhões de euro, sendo 20 milhões de euro da responsabilidade da Câmara Municipal. ( Isto significa que 1/3 do investimento sai directamente dos contribuintes espinhenses)
A obra inclui a construção de um túnel ferroviário na extensão de 950 metros e uma nova estação, que situar-se frente ao actual Centro Comercial Palmeiras.

Estamos certos que é interesse de todos os espinhenses o progresso da cidade e pensamos que todos estamos de acordo com a necessidade do enterramento da linha-férrea.

Acontece, no entanto que a população da Marinha (que inclui o Bairro Piscatório), estimada em cerca de 5000 residentes nunca foi informada das mais valias ou dos inconvenientes desta obra.

O que sempre ouvimos foi que o enterramento da linha férrea iria beneficiar toda a população.


CONSTATAÇÃO

Porém tais afirmações não correspondem á realidade actual, ( Pode ter correspondido a um ideal passado, mas não concretizado) como vamos descrever. Na verdade, de acordo com o projecto desta obra, que nunca nos foi fornecido pela Câmara Municipal – (O projecto em exposição na Câmara é omisso na particularidade das infraestruturas a construir na Marinha) - mas a que tivemos acesso particularmente, através de uma planta muito generalista, constatamos:

1.
Que o rebaixamento da linha férrea inicia-se perto da Ribeira do Mocho, na parte Norte do concelho e continua em rampa até à rua 11, onde tem início o túnel ferroviário. Este Túnel termina na rua 37 – próximo do restaurante “O Peixeiro”. Aqui inicia-se uma rampa até que ultrapassa a ribeira de Silvalde numa extensão de 359 metros.

2.
Em toda a extensão das obras, desde a rua 37 e pelo menos até depois do actual apeadeiro de Silvalde irá ser construído um muro com 1.5 metros de altura, sendo que na zona onde existam habitações (ou seja em toda a avenida João de Deus) o muro será acrescido com painéis acústicos que poderão chegar aos 3 metros de altura devido á vala em rampa.

3.
O projecto de enterramento da linha férrea prevê a limitação da avenida João de Deus a uma largura média de 4,5 metros. Um só sentido de transito e como é perceptível – sem possibilidade de estacionamento. (excepto se se pensar em cortar á largura dos passeios existentes).

4.
O projecto de enterramento da Linha ferrea a que tivemos acesso não inclui acessibilidades.

Neste preciso momento o pólo habitacional da Marinha (Sul de Espinho) já está a sofrer estas alterações estruturais.


PRIMEIRA CONCLUSÃO

Neste sentido concluímos que:

O enterramento da linha férrea serve sem duvida o centro de Espinho, melhorando a qualidade de vida daquela população, mas á custa da feitura de infraestruturas iniciadas na Marinha- Silvalde e á custa do empobrecimento deste mesmo lugar.

Os moradores e comerciantes da avenida João de Deus – que deixa de ser avenida para ser uma simples rua - estão sujeitos a problemas de segurança uma vez que idosos e crianças que transitem no passeio podem sofrer acidentes de viação caso coloquem inadvertidamente um pé na rua que é muito movimentada.

Os comerciantes deixam de ter clientes externos, uma vez que estes não tem espaço para estacionamento dos seus veículos, procurando por isso outros lugares.

O transito mas ruas 43, 45, 47, 2, 4, 6 e Av. João de Deus, assim como nas restantes ruas complementares, será caótico, far-se-á em labirinto e será extremamente problemático, uma vez que a falta de espaço convida os condutores a estacionarem sobre os passeios, originando dificuldades de movimento pedonal aos residentes.

O Muro previsto apresenta uma paisagem horrível para aqueles habitam defronte a este.

O Muro é uma barreira que impede os moradores da Marinha de se deslocar para Espinho e para o centro de Silvalde. Este muro associado ao atravancamento, a norte, que o FACE apresenta em toda a extensão da Rua 43, associado ao muro do Golfe – a sul e a poente do mar isola completamente os moradores do lugar da Marinha num autentico gueto.

Este tipo de isolamento no futuro pode ser ávido para marginais transformarem a Marinha numa zona apetecível para roubos, prostituição, droga etc.",

Mais:
Este tipo de isolamento levará á dispersão e evasão dos clientes e futuros comitentes dos diversos estabelecimentos comerciais e de restauração existentes. Também será impensável a existência de turismo na nossa zona e mais tarde ocorrerá o desaparecimento da maioria do comércio existente devido aos imensos prejuízos por falta de clientes. Os valores do património individual e colectivo estão a ser completamente desvalorizados.


SOLUÇÃO

A solução que preconizamos é o prolongamento do túnel para a linha férrea no mínimo até á passagem de nível, agora existente, isto é em cerca de 400 metros.

Tem sido referenciado que a ribeira de Silvalde é um entrave ao projecto. Queremos reafirmar que esta afirmação não corresponde á verdade. Em Engenharia tudo o que parece difícil é um pólo motivador para alcançar sucessos. Ora esta ribeira que já está entubada em várias zonas não é problema para a realização do prolongamento do túnel, antes é uma mais valia onde os arquitectos e engenheiros podem usar a sua imaginação na construção de chafariz e espelhos de água… e porque não também uma piscina!

Com o prolongamento do Túnel, ficamos com as mesmas condições de qualidade de vida que os nossos conterrâneos espinhenses terão. Desta forma o crescimento sustentado de Espinho pode ocorrer com facilidade para sul com todas as vantagens daí advindas como seja: Abertura a mais pólos habitacionais, alternativa a mais praias, chamada ao turismo, incremento da prática do golfe, aproveitamento económico e social do FACE…

Consideramos que temos os mesmos direitos e privilégios que os outros que vivem ao nosso lado, não somos pessoas de 2ª classe e não aceitamos ser descriminados ao ponto de nos adelgaçarem a qualidade mínima de vida que tínhamos antes do inicio da obras.

Sinceramente, não podemos aceitar que o progresso de Espinho seja construído com o empobrecimento deste pólo habitacional da Marinha! A nossa exigência em termos de direito á qualidade de vida mínima não tem preço!


O QUE JÁ FOI FEITO

1.
Sensibilização do Sr. Presidente de Câmara para os efeitos perniciosos, negativos e discriminatórios que advém de não acautelar no projecto aprovado os legítimos interesses da população da Marinha.

2.
Sensibilização dos partidos políticos representados na Assembleia Municipal

3.
Petição enviada ao Sr. Presidente da Assembleia da Republica no sentido de ser exercido o embargo das obras na zona da Marinha (mas continuação destas no resto do concelho) de modo a que sejam realizados os devidos estudos para o prolongamento do Tunel ferroviário em 300 a 400 metros de modo a não desfavorecer a população requerente. ( Esta petição foi aceite e enviada para a Comissão de Obras Publicas, Transportes e Comunicações).


NOTA FINAL:

1.
Temos conhecimento que, entretanto a Câmara Municipal, prevê construir um túnel de acesso á zona nascente para veículos e outro para peões, assim como colocar um elevador junto do FACE para o mesmo efeito. Este tipo de acessibilidade é de elevado custo financeiro e só pode ser executado no fim das obras de enterramento da linha férrea ( E todos sabemos as obras deste tipo nunca cumprem os prazos mínimos, pelo que teríamos de aguardar 3,4 ou 5 anos para ver concluídos). O Custo destas 3 ideias dá para amortizar no custo adicional do prolongamento do túnel ferroviário.

2.
Foi com agrado que apreciamos a deliberação da Assembleia Municipal em aprovar por maioria uma Assembleia extraordinária para se discutir a problemática das Obras de enterramento da linha férrea - só possível com o voto favorável, ao lado dos interesses da população, do Sr. presidente da Junta de Freguesia de Silvalde.

Silvalde 8 de Julho de 2005
Movimento Pró-enterramento da Linha Férrea na Marinha de Silvalde / Espinho