Problemas técnicos podem paralisar obra na linha férrea em Espinho
Empreiteiro reconhece "falhas técnicas", mas a Refer nega qualquer problema
Alguns problemas técnicos podem estar a comprometer as obras de rebaixamento da linha de caminho-de-ferro da Linha do Norte, em Espinho. No terreno, os trabalhos prosseguem, apesar de cerca de 20 dos funcionários já terem sido despedidos e de muitos sectores da empreitada estarem praticamente parados. O principal obstáculo encontra-se na construção do túnel, de cerca de um quilómetro - uma das empresas responsáveis pela construção das paredes já terá abandonado a empreitada. Este projecto, que está a ser desenvolvido pela Rede Ferroviária Nacional (Refer) e pela Câmara de Espinho, tem um orçamento de 60 milhões de euros e deveria estar concluído em Março de 2007.
O consórcio vencedor do concurso público, a Sopol/Dragados/Tecsa admite que "há, de facto, problemas técnicos", mas que quaisquer esclarecimentos têm de ser prestados pela dona da obra, a Refer. Contactado pelo PÚBLICO, o director de comunicação da Refer, Rui Reis, referiu que neste momento existe apenas "uma fase de discussão normal e habitual", entre o proprietário e o consórcio responsável pela execução do projecto. "A obra continua, é visível. Estamos apenas a estudar com o empreiteiro a fase que se segue. Isto acontece quase sempre em empreitadas desta dimensão", explicou Rui Reis.
De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, na base dos problemas estará a falta de um estudo geotécnico no momento em que a obra foi lançada a concurso. A ausência desse levantamento terá feito com que agora existam receios sobre a exequibilidade do enterramento da linha, uma vez que os trabalhos de perfuração terão "emperrado" junto a uma superfície rochosa. A situação acarretaria uma grande derrapagem no orçamento da obra. Rui Reis, da Refer, garante o contrário.
"É claro que temos um estudo geológico, não temos qualquer conhecimento de problemas dessa dimensão. Estamos apenas a negociar com o empreiteiro", reiterou. A Câmara de Espinho, que comparticipa os trabalhos em cerca de 20 milhões de euros, também manifestou desconhecer quaisquer problemas. O rebaixamento da via férrea no atravessamento da cidade de Espinho abrange o troço da Linha do Norte compreendido entre o apeadeiro de Silvalde e o lugar de Juncal, a norte da cidade, e será efectuado numa extensão de cerca de três quilómetros. Está igualmente prevista a construção de um túnel com cerca de um quilómetro. O projecto prevê ainda a requalificação urbana à superfície, eliminação da actual passagem de nível e a construção de uma nova estação.
(in Jornal Público, 22 de Outubro de 2005)
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home