sexta-feira, fevereiro 17, 2006

A Política do Contra

A Assembleia Municipal Extraordinária realizada no passado dia 9 de Fevereiro 2006 para discussão e esclarecimento acerca do enterramento da linha férrea, para além de ser pouco informativa, teve o condão de revelar o verdadeiro propósito da maioria reinante: levar por diante a intoxicação do mesmo, isto é dizer nada e atacar politicamente tudo o que não venha do partido, mesmo que seja de interesse comum.

Nessa Assembleia, no chamado “tempo do publico” foram colocadas algumas questões e preocupações da população da Marinha quanto á guetização do lugar, perante o projecto agora em marcha. Depois alguns vogais fizeram pertinentes interrogações acerca do fecho da Obra na zona da Marinha e questionaram o futuro quanto ao ambiente, á qualidade de vida e ao desenvolvimento socio-económico.

Pois todos os presentes tiveram por resposta e esclarecimentos uma oratória do sr. Presidente da câmara durante duas horas e meia, constituída pela leitura de actas e ofícios, alguns não oficiosos, desde 1995 até 2003!!! Nada foi dito de relevante a não ser a glorificação do trabalho desenvolvido pelo próprio em prol da vontade de executar um túnel ferroviário (dito maior de Portugal – mas não é: O do Rossio sim) no centro da cidade…

Em relação ao cerne da questão: problemas ambientais… falta de estudos de impacto ambiental, geológicos, hidrológicos, etc que compulsam o povo da Marinha a preocuparem-se, não foi auscultado qualquer esclarecimento. É grave descortinar em palavras anteriores um profundo interesse no desenvolvimento da Marinha e agora com o silencio se aperceber do retrocesso social que a Obra vai produzir naquele lugar.

O custo deste empreendimento inicialmente previsto para 60 milhões de euro não tem qualquer comparação com o declínio e enfraquecimento das condições mínimas necessárias para uma vivência capaz no local, que se iniciou com o corte da Av. João de Deus – principal avenida da Marinha e continua com o emparedamento em betão a norte, sul e nascente e o mar a poente.

Não existe dinheiro no mundo que indeminize os efeitos maléficos produzidos pela falta de vontade politica para a solução fácil de um projecto mal concebido, a falta de condições de residência, de trabalho e de ambiente.

O objectivo do Sr. Presidente da Câmara em tomar tempo em excesso (até cerca da 1hora do dia 10 de Fevereiro) teve como propósito não permitir a colocação de mais perguntas e pedidos de esclarecimento assim como as suas devidas respostas. Tudo isto com o agravante de a própria presidente da Assembleia Municipal inviabilizar com voto de desempate a criação de uma comissão de acompanhamento da Obra.

Porque? Porque será que a Sra presidente da AME e o Sr. Presidente da Junta de freguesia de Silvalde votaram contra a existência de uma comissão que procuraria ser informativa do decorrimento da obra! O que estará escondido que não convém saber-se? Que interesses se camuflam neste empreendimento?

A maioria do povo da Marinha não entende como é possível que um presidente eleito para defender as legitimas aspirações da freguesia de Silvalde se refugie no silencio e quando é necessário tomar posição de favor na AME vota contra os interesses daqueles que o elegeram.

Esta politica do contra prejudicando os valores éticos e sociais de quem os tem certamente terá como fim, um propósito de há muito aflorado entre o povo de bem da Marinha.

Não podemos ser mais enganados e certamente um passo a ser dado é a futura criação da freguesia da Marinha.

O alerta fica lançado.

Maria Alves (Marinha)

(in Defesa de Espinho, 16 Fevereiro 2006)
(sem ligação online)