segunda-feira, fevereiro 27, 2006

MOPELIM diz que silvaldenses não falam por medo de perderem os empregos

Movimento para o Enterramento da Linha na Marinha diz que as pessoas de Silvalde não falam porque estão “dependentes” da Câmara.

O enterramento da linha-férrea tem provocado grande polémica, especialmente por causa do problema na zona de Silvalde. O JE foi ouvir o que pensa o Movimento Pró-Enterramento da Linha-Férrea na Marinha (MOPELIM), que afirma que as obras estão a isolar os habitantes, “vistos como de segunda” pelos responsáveis pelo projecto. E os moradores da Marinha estarão do lado do MOPELIM e só não falam, garante o movimento, porque estão dependentes profissionalmente da Câmara Municipal de Espinho. Samuel Pereira, face visível da iniciativa, afirma querer que a obra pare, caso não se prolongue o túnel.

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(in Jornal de Espinho, 27 Fevereiro 2006)

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Enterramentos e Desenterramentos (parte II)

iniciar aqui: parte I

Ainda sobre reunião extraordinária da Assembleia Municipal de Espinho (AME). Um outro vogal veio reclamar que não se poderia andar para trás e para a frente nas deliberações e nas decisões tomadas na AME, referindo-se à pretensão de se votar um determinado documento que supostamente contrariava outros já votados e aprovados, alguns até por unanimidade. Neste ponto, que por princípio estou de acordo, segundo o qual não se pode andar ao sabor das marés, tenho que no entanto ressalvar que importa ter em conta que em muitas situações é necessário corrigir o rumo para distinguir ilegalidades de ilícitos. Serve isto para dizer que embora todo o processo e todas as decisões tomadas na Assembleia Municipal não contrariem a lei, isto é sejam legais e politicamente válidas, podem no entanto configurar ilícitos, isto é, originar situações contrárias a princípios e a valores jurídicos. Neste caso, poder-se-á estar na preparação de uma ilicitude urbanística, por exemplo.

De igual modo, a intervenção do sr. Presidente da Câmara é merecedora de grandes reparos. Desde logo, porque ao longo do imenso tempo em que discorreu, não explicou o que devia explicar, e limitou-se a proceder a uma elencagem comentada da cronologia dos contactos com a REFER e com os diferentes governantes, numa espécie de ‘José Mota, o Governo e a REFER: correspondência trocada’ (não querendo eu, claro está, desmerecer o trabalho de José Freire Antunes em ‘Salazar e Caetano: Cartas Secretas’).

Depois porque o sr. Presidente da Câmara refere a existência de um Estudo de Impacte Ambiental, como que querendo dizer: vejam, está tudo bem. Até temos um Estudo de Impacte Ambiental! O que o sr. Presidente da Câmara não disse é que o tal Estudo de Impacte Ambiental, realizado em 1996, no âmbito do Projecto de Modernização da Linha do Norte, e que pressupunha a quadruplicação da via, à superfície, encontra-se ‘fechado’ e arquivado no registo histórico do Instituto do Ambiente (número nacional de AIA 385 / número interno do IA 388), e não tem nada que ver com o actual projecto.

Também não disse que o actual projecto que se encontra em execução não foi alvo da respectiva avaliação de impacte ambiental (AIA), tal como a lei obriga. Antes, a Câmara e a REFER trataram de obter politicamente a dispensa de realização de tal avaliação. Andou mal a Câmara e a REFER. Porque precisamente o processo de AIA não é um daqueles empecilhos para inviabilizar tudo e mais alguma coisa. Antes é um ‘importante instrumento de carácter preventivo, sustentado na realização de estudos e consultas, com efectiva participação pública e análise de possíveis alternativas, que tem por objecto a recolha de informação, identificação e previsão dos efeitos ambientais de determinados projectos, bem como a identificação e proposta de medidas que evitem, minimizem ou compensem esses efeitos, tendo em vista uma decisão sobre a viabilidade da execução de tais projectos e respectiva pós-avaliação’. Dito isto, com a realização de um poderoso instrumento como este, a Câmara e a REFER tratavam de conhecer mais pormenorizadamente a área em causa, antecipando eventuais problemas e propondo atempadamente as respectivas soluções.

Mas o AIA tem ainda um outro contributo precioso, que é o de considerar um período de discussão pública, que bem encaminhado e preparado poderia dar lugar a um forte envolvimento inicial da população no projecto, contribuindo para o devido esclarecimento dos habitantes, obviando a relações difíceis no futuro. Não foi o que a Câmara e a REFER fizeram. Pelo contrário, ‘dispensaram-se’ de o fazer.

Tal facto corrobora a atitude demonstrada pelo vogal já referido atrás. A realização de tal processo de AIA, acarretaria a respectiva dilatação temporal da execução da obra, e isso era coisa que não podia ser. Havia pressa, muita pressa em acelerar processos, por forma a avançar com a obra e a mostrar a obra: a obra vê-se, dizia-se.

Mais. Sustenta que o actual projecto foi validado politicamente através de nova vitória eleitoral nas últimas eleições autárquicas. Mas aqui o sr. Presidente da Câmara revela também uma certa sobranceria pelos valores e princípios democráticos. Primeiro equivoca-se ao admitir que a eleição autárquica foi uma espécie de acto referendário ao projecto de enterramento que defende! Segundo, porque analisando os resultados eleitorais, na verdade o Sr. José Mota ganhou as eleições, mas esquece-se que foram mais aqueles que não votaram nele do que os que nele votaram: 11.366 contra 9.194 votos (+2172 votos), 55,28% contra 44,72% (+10,56%).

Igualmente grave é o sr. Presidente da Câmara usar e abusar do nome do Prof. Paulo Pinho, escudando-se no seu tão propalado parecer sobre a extrema dificuldade em transpor as temíveis ribeiras. Não quero aqui de forma alguma colocar em causa o bom nome do Prof. Paulo Pinho, mas sendo o seu trajecto relativamente público e conhecido por muitos, e apesar da sua formação de base em engenharia civil, o seu percurso académico e profissional é por demais reconhecido na área do planeamento territorial e do ambiente, como atesta a extensa lista de publicações que apresenta no sítio da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, e que eu próprio como profissional da área reconheço, respeito e saúdo. Agora não se pode é admitir que o sr. Presidente da Câmara utilize o seu nome como carne para canhão para validar a sua própria opinião e para fazer crer que não há dúvida possível quanto ao propalado parecer, como se o Prof. Paulo Pinho fosse o perito supra-sumo máximo no país em matéria de hidrografia e hidrogeologia. Na verdade, atrevo-me a dizer, correndo obviamente o risco de eu próprio me equivocar, que este mais parece ter sido uma opinião do género de treinador de bancada. O facto de alguém viver numa zona piscatória não o torna necessariamente num perito em pesca!

Por outro lado, a questão da transposição das ribeiras parece que assumiu contornos de um sagrado inquestionável. Por acaso, que até nem é por acaso, mas resultante da evolução de anos, as duas ribeiras distam entre si, em números redondos, cerca de 2 km, o que permite levar a cabo o presente projecto em execução. Tivessem as duas ribeiras afastadas entre si apenas 1 km, ou até menos, portanto sem espaço entre si para albergar o túnel, muito gostaria eu de ver o sr. Presidente da Câmara a lutar pela insignificância das ditas com a mesma força e intransigência com que agora defende a sua intransponibilidade.

Acresce que quanto à existência dos estudos e projectos, o sr. Presidente veio dizer que se encontravam disponíveis para consulta para quem os quisesse consultar. E ai de quem afirmasse o contrário!. Pois bem sr. Presidente, lembro-lhe que o anterior Presidente da Assembleia, e agora seu vereador, afirmou numa das últimas reuniões do mandato anterior, que não convocaria a dita reunião extraordinária porque não estavam encontrados os pressupostos necessários para a sua realização, referindo-se nomeadamente à falta dos estudos. Mesmo depois do sr. Vereador Rolando de Sousa ter afirmado que os estudos estavam disponíveis para qualquer dos senhores deputados municipais que os quisessem consultar. Acontece que alguns deputados requereram os estudos e publicamente nunca lhes foram concedidos, pelo menos em sede de Assembleia Municipal. Deve ter sido apenas um equívoco, claro. Mas deve ter andado bem o então sr. Presidente da Assembleia no serviço fiel ao timoneiro, que se viu recompensado com um lugar na vereação, tendo estado mal ao serviço do órgão a que presidia e ao serviço do concelho.

Mas sr. Presidente da Câmara, se os estudos estão aí para quem os quiser consultar, porque é que não faz publicidade da sua existência e das suas formas de consulta? Porque não trouxe o sr. Presidente nenhum exemplar para a Assembleia? Porque não manda o sr. Presidente disponibilizar os referidos estudos no sítio Internet da Câmara Municipal? Sabe que até o sr. Primeiro-Ministro, o Eng.º José Sócrates, acenou com os estudos da Ota, gravados em cd’s, na Assembleia da República, e os mandou colocar na Internet? E olhe que não é nada de complicado… desde que existam, claro!

Tito Miguel Pereira

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(in Defesa de Espinho, 23 Fevereiro 2006 / sem edição online)

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

A Política do Contra

A Assembleia Municipal Extraordinária realizada no passado dia 9 de Fevereiro 2006 para discussão e esclarecimento acerca do enterramento da linha férrea, para além de ser pouco informativa, teve o condão de revelar o verdadeiro propósito da maioria reinante: levar por diante a intoxicação do mesmo, isto é dizer nada e atacar politicamente tudo o que não venha do partido, mesmo que seja de interesse comum.

Nessa Assembleia, no chamado “tempo do publico” foram colocadas algumas questões e preocupações da população da Marinha quanto á guetização do lugar, perante o projecto agora em marcha. Depois alguns vogais fizeram pertinentes interrogações acerca do fecho da Obra na zona da Marinha e questionaram o futuro quanto ao ambiente, á qualidade de vida e ao desenvolvimento socio-económico.

Pois todos os presentes tiveram por resposta e esclarecimentos uma oratória do sr. Presidente da câmara durante duas horas e meia, constituída pela leitura de actas e ofícios, alguns não oficiosos, desde 1995 até 2003!!! Nada foi dito de relevante a não ser a glorificação do trabalho desenvolvido pelo próprio em prol da vontade de executar um túnel ferroviário (dito maior de Portugal – mas não é: O do Rossio sim) no centro da cidade…

Em relação ao cerne da questão: problemas ambientais… falta de estudos de impacto ambiental, geológicos, hidrológicos, etc que compulsam o povo da Marinha a preocuparem-se, não foi auscultado qualquer esclarecimento. É grave descortinar em palavras anteriores um profundo interesse no desenvolvimento da Marinha e agora com o silencio se aperceber do retrocesso social que a Obra vai produzir naquele lugar.

O custo deste empreendimento inicialmente previsto para 60 milhões de euro não tem qualquer comparação com o declínio e enfraquecimento das condições mínimas necessárias para uma vivência capaz no local, que se iniciou com o corte da Av. João de Deus – principal avenida da Marinha e continua com o emparedamento em betão a norte, sul e nascente e o mar a poente.

Não existe dinheiro no mundo que indeminize os efeitos maléficos produzidos pela falta de vontade politica para a solução fácil de um projecto mal concebido, a falta de condições de residência, de trabalho e de ambiente.

O objectivo do Sr. Presidente da Câmara em tomar tempo em excesso (até cerca da 1hora do dia 10 de Fevereiro) teve como propósito não permitir a colocação de mais perguntas e pedidos de esclarecimento assim como as suas devidas respostas. Tudo isto com o agravante de a própria presidente da Assembleia Municipal inviabilizar com voto de desempate a criação de uma comissão de acompanhamento da Obra.

Porque? Porque será que a Sra presidente da AME e o Sr. Presidente da Junta de freguesia de Silvalde votaram contra a existência de uma comissão que procuraria ser informativa do decorrimento da obra! O que estará escondido que não convém saber-se? Que interesses se camuflam neste empreendimento?

A maioria do povo da Marinha não entende como é possível que um presidente eleito para defender as legitimas aspirações da freguesia de Silvalde se refugie no silencio e quando é necessário tomar posição de favor na AME vota contra os interesses daqueles que o elegeram.

Esta politica do contra prejudicando os valores éticos e sociais de quem os tem certamente terá como fim, um propósito de há muito aflorado entre o povo de bem da Marinha.

Não podemos ser mais enganados e certamente um passo a ser dado é a futura criação da freguesia da Marinha.

O alerta fica lançado.

Maria Alves (Marinha)

(in Defesa de Espinho, 16 Fevereiro 2006)
(sem ligação online)

Enterramentos e Desenterramentos (parte I)

A Assembleia Municipal de Espinho (AME) finalmente reuniu extraordinariamente para debater a questão do enterramento de linha férrea em Espinho, depois de este mesmo órgão não ter cumprido a deliberação aprovada pela maioria dos seus membros (reunião 7 Julho 2005), de realizar uma reunião extraordinária ainda durante o anterior mandato, com a documentação e respectivos estudos, numa óbvia desresponsabilização e auto-enfraquecimento político deste órgão, pois se a própria AME não cumpre com as suas decisões, como espera que a Câmara, e/ou outros órgãos e organismos respeitem e acatem as suas recomendações?!

Instada várias vezes para a realização da referida reunião extraordinária, inclusive por mim próprio numa intervenção no período do público, a actual Presidente da AME exprimiu a sua vontade de a realizar, confidenciando até a sua vontade de realizar uma sessão pública de debate aberta à participação dos cidadãos. Mas tivessem sido apenas palavras de circunstância, ou não conseguindo fazer valer politicamente a sua vontade, viu-se ultrapassada pela manobra de diversão do PSD, tendo sido obrigada a convocar tal reunião.

A manobra não me causou grande entusiasmo por não atribuir à actual Presidente a oportunidade de falhar ou de provar o seu comprometimento com a deliberação vinda do mandato anterior, e com a vontade que ela própria expressou; e por não acautelar que os requisitos aprovados anteriormente fossem satisfeitos: a disponibilização da documentação e dos estudos, e a presença dos responsáveis da REFER e pelos pareceres, como foi requerido à Mesa pela então vogal Maria Goreti (reunião 12 Julho 2005).

Mais do que discutir a questão do enterramento, esta reunião serviu para um cerrar fileiras na arena política, digladiando-se as forças em combate, tentando cada uma das partes chamar a si o (falso) papel de defensor-mor das preocupações dos cidadãos. O debate numa lógica global de desenvolvimento do concelho nunca teve lugar. As estratégias, as repercussões e transformações, as formas de informação e esclarecimento dos cidadãos, entre outros aspectos, não foram tidas nem achadas.

Em suma, o resultado final traduziu-se no esfrangalhamento total da bancada da ‘coligação’, mais sentido no PSD, pela óbvia gincana que foi percorrendo ao longo do tempo, na coerência da CDU, que tem sido a força que sempre defendeu o prolongamento do enterramento, e na coerência do PS na defesa intransigente do seu timoneiro, mais do que na defesa dos verdadeiros interesses do Concelho, não interessando se é bom ou mau, o que interessa é a manutenção e reprodução do poder.

O sr. Presidente, esse, esteve igual a si próprio, no seu melhor estilo de desmesurado populismo, a fazer de conta que explicava muito, explicando muito pouco, conseguindo, no entanto, ‘esclarecer’ e/ou ‘convencer’ os mais incautos. O inacreditável, ou não, é que se tenham encontrado entre os incautos muitos dos elementos do próprio PSD!

[A facilidade com que o PSD se deu por derrotado foi por demais atroz. Está o PSD assim tão fraco? Ou será que faz sentido perguntar se terá sido a forma encontrada pelo PSD de enterrar o enterramento?]

Sobram, contudo, alguns aspectos reveladores que importa combater e/ou desmistificar.

Importa desmistificar a ideia de que o enterramento apenas afecta negativamente a população da Marinha, e que a defesa do prolongamento é uma ideia ‘descabida’ dos habitantes desta parte da cidade. Puro engano. Mais do que um problema da população da Marinha, este é um problema de todo o Concelho. O actual projecto não só não serve os interesses da Marinha, como não serve os interesses a Norte, e não serve os interesses do Concelho de uma forma geral. Entendido no quadro de uma intervenção abrangente e ambiciosa, de longo prazo, e não apenas da execução de uma obra isolada, este projecto não serve uma estratégia global de contribuir para a unificação e coesão interna da cidade, e da consolidação de uma nova centralidade urbana.

Mas como se vem percebendo, visão e estratégia de desenvolvimento a longo prazo para o concelho, é coisa que não se vislumbra. O exemplo da área da antiga Fábrica Brandão Gomes. Anos a fio ao abandono, a pensar o que fazer, a mexer aqui e ali, resultando numa manta de retalhos com intervenções pontuais e casuísticas. Agora, parte dos terrenos servem de muleta para equilibrar o orçamento municipal, através da consagração de uma receita proveniente de uma eventual venda desses terrenos. Ora, se a Câmara sabe verdadeiramente o que vai fazer, e não quer vender os terrenos, anda mal, em termos financeiros, a socorrer-se de um subterfúgio inscrevendo uma receita que sabe à partida que não a vai ter. Se a Câmara pretende vender os terrenos, anda igualmente mal porque confirma que não tem nem é mobilizadora de uma intervenção qualificadora de conjunto. No caso de a Câmara vender os terrenos e tiver em mente determinada intervenção que ainda se desconhece, enquadrada numa espécie de agenda oculta, então é duplamente grave.

Importa também endereçar alguns apontamentos críticos a certas intervenções durante a Assembleia, às quais não se pode de modo algum ficar alheio.

Certo vogal veio a terreiro defender a obra do timoneiro, sustentando a sua defesa em referências às características hidrográficas e hidrogeológicas em presença, falando no desenvolvimento, no sub-solo, de bacias hidrográficas, quando devia querer falar em aquíferos, lençóis freáticos, níveis freáticos ou superfícies piezométricas, ou até querendo referir-se às características de percolação e de permeabilidade. Para avalizar a sua opinião, exprimiu um princípio válido, segundo o qual, como arquitecto, e urbanista, não iria defender a alteração de linhas de água. Aqui ocorre em dois equívocos. Primeiro, a referência à formação e à actividade profissional para valorizar a sua opinião não pode ser totalmente considerada como avalizadora da mesma, uma vez que é claro que o vogal socorre-se de um princípio para sustentar uma opinião política já tomada, e não toma a opinião política baseada no princípio que refere. Segundo, se o vogal admite como válido aquele princípio, como arquitecto, também não devia admitir intervenções prejudiciais do ponto de vista do desenho urbano e da criação de barreiras urbanísticas. Mais a mais, em urbanismo é como na culinária: tem que ser q.b. Finalmente, num provincianismo considerável, defende que o túnel é uma forma de colocar Espinho no mapa, pois passará a contar com o maior túnel ferroviário do país! Sr. vogal, eu defendo um túnel ainda mais longo! Devia era estar de acordo comigo! Seguindo o seu raciocínio, eu coloco ainda mais Espinho no mapa! Sabe que em Viseu bateram o record do Guiness do maior pão com chouriço do mundo? Mas logo a seguir em Vagos fizeram um pão com chouriço ainda maior e ficaram com o record! É melhor prevenir que remediar! Temos de impedir que alguém venha a seguir e faça um túnel ferroviário ainda maior!?

Um outro vogal, veio ‘relembrar’ que a obra não era da Câmara, era da REFER. E questionava-se se a REFER teria de fornecer a informação sobre o projecto. Ao que ele próprio respondeu: era o que faltava! E acrescentou: era o que mais faltava se agora fossemos às empresas pedir informações sobre elas!
A Câmara e a REFER assinaram um protocolo visando levar a cabo o projecto em debate. Este é um projecto conjunto, e é óbvio que a Câmara tem um papel importante, e tem de responder por isso. Ainda que haja total separação e autonomia no que a cada instituição ficou atribuído executar, a Câmara poderá não ter obrigação formal, mas tem obrigação moral e política de zelar pelos melhores interesses dos seus munícipes e de interceder junto da REFER, e de outras instituições julgadas necessárias, já para não falar que a obra decorre em território do Concelho de Espinho. Já quanto ao acesso à informação, o sr. vogal não deve estar a viver no tempo em que está! Então a Constituição Portuguesa não prevê o direito de acesso a documentos administrativos (Lei de Acesso aos Documentos Administrativos, Lei 65/93, de 26 de Agosto, alterada pelas Leis 8/95, de 29 de Março, e 94/99, de 16 de Julho) e o direito de acesso à informação procedimental (Código do Procedimento Administrativo, DL 32/91, de 20 de Julho, alterado pelo DL 34/95, de 18 de Agosto)? No âmbito dos documentos administrativos, inscrevem-se as instruções, processos, relatórios, dossiers, pareceres, actas, autos, ordens de serviço, estudos e estatísticas, em quaisquer suportes (gráfico, sonoro, visual ou informático). São abrangidos por este regime os órgãos do Estado com funções administrativas e as entidades que, embora sejam formalmente privadas, exerçam poderes de autoridade, incluindo a REFER. Mesmo na actividade exclusivamente privada existem regulamentações que obrigam à publicitação de várias informações. Está tudo explicado. Com atitudes ditatoriais dessas, não é preciso demonstrar mais nada sobre a verdadeira postura neste processo: é o quero, posso e mando! É caso para dizer: era o que faltava!

Tito Miguel Pereira

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(in Defesa de Espinho, 16 Fevereiro 2006 / sem edição online)

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Intervenção de Domingos Marques Monteiro na Assembleia Municipal de 13.02.2006

Passava da duas da manhã do passado dia 10 de Fev quando daqui saí insatisfeito porque, mais uma vez, não obtive resposta à pergunta que fiz sobre a manutenção ou não do apeadeiro de Silvalde e da futura localização do de Paramos.
Não me surpreendeu tanto a falta de resposta à pergunta como ouvir, por parte da oposição que requereu a reunião, a opinião de que face aos documentados esclarecimentos não se deviam estender às outras freguesias, quando pensava eu que era pretendido o completo esclarecimento de todas as preocupações à volta deste assunto.
A 19 de Janeiro último, podia ler-se na Defesa de Espinho que haviam obras a realizar em Paramos que ainda podiam merecer melhor escolha quanto ao local, afinal, parece não haver preocupação que só se saiba o que vai ser feito quando tudo já estiver definitivamente decidido pela REFER, como vem sendo hábito.

A demonstração feita durante grande parte do tempo pelo Sr. Presidente da Câmara, através de documentos incontestáveis, deixou claro que ao longo da última década o executivo se esforçou muito para conseguir a obra e que a Assembleia Municipal de Espinho aprovou sem votos contra o actual enterramento da linha.
Essa é uma verdade que eu também assumo porque a votei a favor, perante esta alternativa: Ou queremos esta obra, o que é muito pouco, ou não teremos obra nenhuma, sem se saber nada quanto aos impactes negativos que agora se evidenciam. E até assumo em 3 0/09/2003 votei como todos os outros uma saudação pela obra.
Nesta última Assembleia, para além do esclarecimento quanto às passagens desniveladas, sem incluir as de Paramos, em detrimento do debate esclarecedor que os munícipes desejavam, a maioria do tempo foi passado, como é habitual, no aproveitamento político e aqui foi dito “com muita música” e ditado em declaração de voto que a Assembleia foi aproveitada para “a chicana política”.

Os seus resultados formais resumiram-se à reprovação, com o voto de qualidade da Senhora Presidente da Mesa, de todos os documentos da oposição que sugeriam o estudo de correcções, de melhor clarificação e da criação de uma comissão eventual de acompanhamento para a obra e, da mesma forma, à aprovação de um outro documento demonstrando que tudo tem sido bem decidido e que não é preciso criar mais nenhuma comissão de acompanhamento.
Assim vem sendo ao longo da última década - a Assembleia Municipal, democraticamente pactua com o poder executivo; Não é promovido o debate publico com as populações afectadas (o último que conheço foi. realizado em 96 no salão da Banda em Paramos) e para essa lacuna a Assembleia Municipal de Espinho também contribui,, além, domais,. ao não respeitar as suas próprias deliberações no sentido de uma mais ampla discussão dos assuntos que particularmente mais afectam as freguesias, porque ‘não realiza lá as Assembleias como decidiu, pelo menos por quatro vezes a 24/5/99, 11312002, 28/02/2003 e 11/3/2004, nas duas últimas por unanimidade.

A Assembleia Municipal nem sequer tem obrigado a respeitar o seu próprio Regimento, ao permitir que o executivo não satisfaça requerimentos veiculados pela mesa da Assembleia motivo que me levou a renunciar ao cargo de vogal, corno deve constar nas actas, demonstração de que nem os membros da Assembleia Municipal conseguem ver dissipadas as suas dúvidas.

Espero ao menos obter hoje a resposta que não me foi dada, fazendo a mesma pergunta doutra forma:
Se, relativamente aos apeadeiros de Paramos e de Silvalde, conseguiu ou não a Câmara garantir a posição tomada pela autarquia, conforme documento aqui lido pelo Sr. Presidente da Câmara, de não permitir a mudança ou a alteração daqueles apeadeiros sem o consentimento dessas populações afectadas?

Finalmente, face a tudo isto, penso que seria benéfico para todos que os cidadãos interessados promovessem o debate público de ideias sobre este assunto noutro local, convidando os eleitos das autarquias, porque este órgão rege-se por normas que, devendo ser respeitadas, são limitadoras do debate público entre a população e acabam também por permitir aos vogais recorrer aos pedidos de esclarecimento, protestos, contra protestos e muito mais, tomando difícil evitar os aproveitamos que aparecem à volta ‘de casos desta dimensão.

Domingos Marques Monteiro

domingo, fevereiro 12, 2006

José Mota não convence munícipes

Autarca insiste que túnel maior obriga a investir mais 125 milhões de euros
O presidente da Câmara de Espinho não convenceu os moradores de Silvalde sobre a impossibilidade de estender o túnel da linha férrea além do centro da cidade. José Mota diz que é necessário mais 125 milhões de euros. Moradores acreditam que o montante não ultrapassa dez milhões.

Os representantes do Movimento Pró-enterramento da Linha Férrea na Marinha de Silvalde (MOPELIM) não aceitam os argumentos apresentados em Assembleia Municipal pelo presidente da Câmara de Espinho sobre a impossibilidade de estender o túnel desde a Ribeira do Mocho, a Norte, até à Ribeira de Silvalde, a Sul. “Ninguém acredita que a obra ficaria mais cara 125 milhões de euros”, comentou ao JANEIRO Samuel Pereira, responsável do MOPELIM.

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(in Primeiro de Janeiro, 12 Fevereiro 2006)

sábado, fevereiro 11, 2006

Túnel maior custaria mais 125 milhões

José Mota explicou que reivindicação da população do Bairro da Marinha teria custos altíssimos Em vez dos 60 milhões de euros previstos para a obra de rebaixamento da linha férrea em Espinho seriam necessários cerca de 185 milhões, caso se construísse um túnel maior do que o projectado. Isso mesmo foi garantido, anteontem, pelo presidente da Câmara, José Mota, numa sessão extraordinária da Assembleia Municipal. Encontro que visava debater a obra de enterramento e, sobretudo, as razões que levam a REFER a não aumentar a área de linha enterrada de forma a não prejudicar as populações da Marinha de Silvalde e do Rio Largo.

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(in Jornal de Notícias, 11 Fevereiro 2006)